Codinome Orquídea - Parte 3

terça-feira, 27 de maio de 2008


Neste exato momento, a porta da casa é arrombada por quatro homens que entram sem pedir licença. Patrícia assusta-se com a entrada brusca e tenta correr na direção oposta, porém, um tiro adormecedor acerta-lhe a perna e cai desmaiada no chão.

- Andem, tirem-na logo daqui. – Falou um deles mais afastado.

Rapidamente um dos soldados pegou-a sobre os ombros e a levou para o carro que esperava na frente da casa. Eram dez horas da noite e ninguém tinha permissão para estar fora de casa. A noite abafou o tiro e os ouvidos que o ouviram, deveriam permanecer calados, para o bem.

Lucas correu depressa até sua casa que ficava a uns quarteirões. Se seus pais soubessem que estava fora de casa durante o horário de recolher, poderia entrar em problemas. Porém seu pai deveria estar trabalhando.

- Mãe? – Falou assim que abriu a porta.
- Onde estava Lucas?! Está louco? Pode ser preso!
- Do que está falando? O toque de recolher é só daqui à uma hora...
- Será que não vê os jornais?! Estão prendendo os opositores! Quem estiver na rua é considerado inimigo do governo!
- Mas que loucura é esta que estão fazendo?!
- É a Quarta Guerra meu filho, agradeça de estar em um país a salvo.
- Agradecer? De viver nesse país?
- Seu pai está trabalhando para que nós sobrevivamos a esta guerra, deveria ser grato.
- Mãe, por favor, não acredite tudo em que o papai diz, será que não vê que é tudo uma farsa? Os americanos estão entrando neste país e ninguém está vendo. Claro! Por causa desta ridícula hora de recolher!
- Apenas faça o que estou te pedindo.
Lucas subiu para seu quarto. Ligou a televisão e constatou aquilo que a mãe dissera.
- Foi dada uma denúncia sobre um grupo terrorista, o governo pede para que os cidadãos fiquem em suas casas e não saiam, pois todos aqueles que estiverem nas ruas serão tidos como inimigos do governo. Em breve mais notícias. – Falou a repórter.
- Bendito petróleo. Negro como a morte. – Pegou o telefone e discou a casa de Patrícia.
- Ninguém atende. – Falou para si mesmo. – Que estranho. São dez e meia da noite, deveria estar em casa.

Lucas não tinha aula com Patrícia naquele dia, mas esperou ansioso para acabar sua ultima aula de trigonometria que parecia mais entediante que o normal. Nunca os minutos daquele relógio foram tão demorados. E enfim o toque.
Como de costume, foi até o vestiário da piscina interna – pouco freqüentada pelos alunos da escola que preferiam a do clube, justo por isso gostava tanto daquele lugar – e colocou sua sunga para nadar.
Quando terminou, sentiu ser observado e virou-se rapidamente dando de cara com o olhar de Patrícia que o observava encostada na parede. Estava com um rosto triste e o olhava com perguntas.

- Costuma fazer isso sempre? – Perguntou Lucas que se aproximava para dar-lhe um beijo.
- Não, é a segunda vez.
- Segunda vez? – Perguntou interessado, mesmo assim ainda chegando para beija-la.
- Não podemos nos beijar dentro da escola, tudo bem? – Falou agressiva.
- Tudo bem.
- Vai nadar?
- Sim, mas já estou de volta para fazermos algo.

Patrícia observava cada braçada que Lucas dava na água. Ele nadava bem, e seu corpo mostrava os anos a fio que fazia isso. Porém, algo estava a deixando com receio. Passara uma noite inteira no quartel militar, ela fora interrogada e surrada pelos militantes. A fim de saberem algo do seu Grupo.

- Senhora, devo lhe informar que isso é muito pouco do que poderemos fazer com você se não colaborar. – Outro murro em sua barriga. Um gemido.
- Acha que com essa sua prepotência, General, vai conseguir sustentar esse governo ditador?
- Não somos um governo ditador, apenas... Zelamos pelo bem estar comum.
- Ah, claro... É isso que dizem nos jornais. – Um oficial atrás de Patrícia puxou-lhe os cabelos e colocou sal em seus olhos. Um grito apavorante saiu de sua boca.
- Fale. Antes que eu mande meu soldado tirar-lhe toda a roupa!
Patrícia olhou, ainda que com os olhos ardendo, perplexa para o General.
- Olha aqui sua cadela comunista... – Falou bem baixinho sobre seu ouvido. – Nós não cometemos erros como na ultima ditadura. O Brasil agora é um país militante que apóia os Estados Unidos, e pode ter certeza que sua vida irá virar um inferno se não contar onde estão os seus parceiros. A Morte, para vocês, seria pouco. Não matamos ninguém, isso é um erro. As pessoas que morrem sozinhas...
- É isso que você coloca no seu relatório General? Morte Súbita?
- A senhora irá voltar para sua casa. E assim pegaremos seus comparsas.

Cansado de nadar, Lucas saiu da piscina e pegou a toalha que Patrícia oferecia. Seus olhos estavam escondidos sobre lentes escuras.

- Vamos lá para casa.
- Para sua casa? – Espantou-se Patrícia.
- Sim, minha mãe hoje de manhã disse que só chega à noite, tem de comprar comida para deixar em estoque, sabe como é, tem pavor que entremos em guerra. Mas, podemos ficar lá sem medo.
- Acho que não deveríamos fazer isso.
- Vamos! Quero você no meu quarto. – Sussurrou esta ultima parte em seu ouvido. Patrícia arrepiou-se.
- Não posso demorar, mas ainda sim acho que não deveríamos. Você sabe como que está esse governo louco. Não devemos.
- Venha.

Patrícia foi contrariada, aquela relação com Lucas estava lhe deixando maluca e ainda mais, fazendo coisas cada vez mais perigosas e proibidas. Lembrava-se que com 15 anos também gostava de fazer essas loucuras, e como era bom, como era livre...
Em menos de 10 minutos eles chegaram. Era tarde e o sol quente e escaldante já havia ido embora, agora só restara a brisa fresca da tarde. Patrícia estava apreensiva, não sabia o que fazer. Foi guiada por Lucas para dentro da casa.

- Lucas, eu não me sinto bem fazendo isso, acho que devo voltar.
- Nada disso, já esta aqui comigo.
- Mas... – Lucas a puxou pelo braço enquanto subiam as escadas para o 1° andar da casa. Lá em cima, havia três quartos, o de Lucas, dos seus pais e um escritório que seu pai costumava ficar nos fins de semana. Mas Lucas a levou direto para o seu.
- Um típico quarto de adolescente.
- Eu gosto dele, me sinto bem aqui.
- Costuma ler? – Perguntou Patrícia que caminhava com seus dedos por entre os livros que havia na estante ao lado do computador. Viu, dentre eles, O Manifesto, livros de filosofia e algumas anotações.
- Sim, eu gosto.
- E então, porque me trouxe aqui? – Sentia-se em meio a uma emboscada, não sabia se confiava ou não nele.
- Bem, esse é o local que eu mais amo no mundo, e queria que você estivesse aqui junto comigo, agora sim está perfeito.
- (Patrícia deu um sorriso) Então agora acho que devo ir... – Patrícia estava nervosa em estar no quarto dele enquanto os pais estavam fora, sabia que fazia algo errado.
- Patrícia... – Lucas falou desapontado – Trouxe você aqui porque quero que seja minha aqui. – Ela parecia mais nervosa que antes ao ouvir isso, Lucas se aproximava dela. – Não te excita estar aqui comigo, no meu quarto, sozinhos?
- Lucas pare... – Lucas a beijara e deixou seus lábios bem próximos ao dela.
- Vem. – Desabotoava os botões nas costas de Patrícia que prendia o vestido em seu corpo, e com beijos a puxava para sua cama que estava devidamente forrada.
- Não Lucas. – Tentava conter-se.
- Me deixe ser seu outra vez.

Ainda de pé os dois, Lucas a beijava sem dar chances dela falar mais nada. Ela o deixava ir cada vez mais longe e seu vestido agora estava na cintura mostrando seus seios. Lucas viu as marcas em seu corpo e parou de repente para olhar bem.

- O que é isto Patrícia?
- Ah... Nada.
- Você foi pega?!
- Não me faça perguntas. – Disse desesperada.
- Patrícia, eu vi seu livro Vermelho, e ontem, quando liguei para sua casa à noite não estava, estavam procurando por opositores, e você não estava. Foi pega, não foi?
- Fui. – Falou bem baixo.
- Droga!
- Tudo bem, tudo bem... – O beijava carinhosamente.

O ambiente do quarto era bem escuro, ele havia pensado em tudo, as flores que daria a ela - que estavam ao lado da cama - nas cortinas devidamente fechadas para criar o clima mais proibido, tudo exatamente como ele havia imaginado no dia anterior. Patrícia parecia nervosa, suas mãos tremiam.

- Acalme-se. – Lucas sussurrou em seu ouvido.

A beijava tão carinhosamente, com beijos quentes, que invadiam sua boca com sua língua, suas mãos acariciavam o seu pescoço enquanto a beijava. A levava para cama, e a olhava ainda de pé, ela deitada. Puxou seu vestido e depois sua calcinha. Deitou-se sobre ela e corria sua boca por seus seios e pela sua barriga marcada, até chegar ao seu ponto máximo e a fazia enlouquecer com a sua língua. Até que não agüentou mais de tanta vontade e a penetrou, tendo um maravilhoso orgasmo.
Sentados. De frente um para o outro, com seus corpos nus, se beijavam com intenso amor.
- Seria mais fácil para mim se você não tivesse apenas 17 anos! Por favor, entenda Lucas, me sinto culpada em estar aqui com você nessa cama, para os outros isso é um absurdo! O que vão pensar de mim se descobrirem?!

Lucas calou Patrícia com um beijo longo e apaixonante, colocando suas mãos em seu pescoço. Não seria a primeira vez que os dois discutiam e terminava em um longo gesto de carinho.

- Fala que não quer mais sentir meus beijos, que não sente mais prazer em estar ao meu lado, diga que não me quer mais e irei embora. – Lucas sussurrou com seus lábios bem próximos aos dela.
- Não pode me pedir para dizer isso, sabe que não vou... Mas sabe que não podemos continuar com isso! Esses últimos dias ao seu lado foram o que houve de mais importante que me aconteceu na vida, mas você tem todo o direito de viver a sua vida, encontrar alguém que possa viver com você tudo que ainda não viveu! Eu vou ser pega em pouco tempo, Caxias vai matar todos nós, você não entende? Eu não vou me perdoar, já morreram tantos... – Patrícia havia começado a chorar naquele instante.
- Meu amor, eu só quero você! E, com ou sem você, eu sou comunista sim, meus pais não sabem disso, mas podemos lutar mais se estivermos juntos! – Lucas agora acariciava o corpo de Patrícia.
- Vamos enfrentar tantas coisas ainda, você vai sofrer tanto, não quero que sofra.
- Ao seu lado, nada me faz medo. Por você, eu faço qualquer coisa.

Beijaram-se novamente. E acabaram dormindo abraçados.

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