Minha querida amante.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Minha querida amante.



Amo-te não somente por ser bela,
Minha bela,
Mas por possuir os meus sonhos
Que antes pertenciam a um outro alguém
Que agora vive do passado!
Mas tu, dona de mim, estás comigo
Aonde quer que eu vá
Nos pensamentos
No coração que bate desesperadamente por não ter-te
Mas vivo feliz, meu amor, porque sei
Que tu sorri, mesmo quê seja longe de mim.
Ah! Que covarde sou por não correr para teus braços!
Que medrosa sou, pobre de mim, que tem medo que teu coração
Bata por um alguém que não sou eu!
Minha amante,
Sim és!
Tu domina os meus desejos e o meu encanto
Por um minuto pensei, bela,
Que não merecia de veras o teu amor.
Mas que burro é meu coração!
Quero-te amais que a qualquer um que esse corpo desejou
E por ele, meu amor,
Volto a ser pura,
Por ele, e se tu quiseres,
Sou uma puta,
Para ter você para sempre!
Serei flor do pecado por causa desse desejo, que me consome viva
Com rapidez, que fúria!
E quanto me provocas
Como gosto!
E meu simples banho,
Já não é mais um banho,
Porque quero beijar-te sobre essa água quente
Que desce sobre meu corpo.
E aquela brisa?
Que depois de te amar quero sentir sobre meu rosto.
E te beijar
Te invadir com a minha lingua
Que sinta meu calor!
Não podes imaginar, minha loucura, o quanto eres de mim
E que não há vergonha para o que sinto
Nem para meu desejo.
Gosto de tua astúcia,
Da tua malícia,
Da tua vontade de sexo!
Me completas em tudo, minha querida,
Estou doente.
O amor consumiu-me completamente.

As vezes quando estou sozinha, meu amor,
Vontade não me falta de estar contigo.
Me falta sim, coragem!
Coragem não, pois isto sei que tenho de sobra
O que me falta é uma chance.
Oh! Senhor do Mundo, conduz minha vida ao da minha amante.
A minha cama vazia já não tem esperanças
De encontrar em um outro alguém
Amor tão grande.
Mal sei sobre a vida,
Nem sobre o destino
Só sei de uma coisa, meu amor
Quero estar contigo!
E não sabes, minha amada, o como é bom
Ter-te
Amar-te
Posso sentir meu coração vir a boca
Quando dizes que me queres
Ai! Que arrepio me dá quando diz que quer me beijar
De ser feliz comigo.
Como posso ser tão feliz, meu amor?
Sou boba, sou idiota.
Sou sim, por sonhar tão alto
Por querer que o mundo foda-se!
Só para estr do teu lado
Me sinto egoísta,
Mas eu te quero!
E não posso deixar que esteja longe de mim
Perdoe-me meu amor
Por termos perdido tanto tempo.

Não posso esquecer do teu corpo,
Tua boca,
Estão grudados na minha mente!
E só em pensar que só queria usar-te, e tu a mim.
Percebeste esse sentimento que foi tomando conta de nós?
Queriamos transar, descobrir-nos!
Mas uma ponte me une a ti
Nosso amor prova que tudo é possível
Que é possível esquecer-se do passado.
Perdoe-me outra vez, minha amada.
Falei por ti, e não sei se disse a verdade sobre o que tu sentes.
E sim sobre o que eu quero.
Que é que me ame.
E desse amor queria viver,
Me sinto uma sonhadora,
De novo, uma egoísta.
Sinto-me verdadeiramente ridícula
Por achar que sou o melhor para ti.
Mas o que posso fazer, meu amor,
Se eres minha amante?


Flávia Braga

Ode às diferenças

sábado, 8 de novembro de 2008

Ode às diferenças

Chega de pensamentos medievais!
Chega de leis inquisitoras!

Eu quero o diferente,
Eu quero a loucura dos loucos!
(são realmente loucos?)

Eu quero o pudor enfraquecido!
Eu quero o amor pelos iguais!

Diferente?
Sou sim.

Tenho quilos a mais que Maria,
Tenho cabelos negros,
Sou descrente em santos.
Ah...
Se pudessem ser só essas as diferenças,
Senão houvesse política,
Se nos lembrasse-nos dos amigos,
Dos tempos bons!

O que há de diferente então no cambojano?
Não choram eles, lágrimas?
Não bate neles um coração?
Não há neles sangue vermelho?

Me digam então o que há de errado com as damas da noite?
(matam-se mulheres por convicções erradas)
“Pensamos que era uma puta”
Ora pois, e não é gente?
Não sente essas mulheres também prazer?
Não têm essas mulheres seus sonhos?

E tu leitor?
Eres diferente do mundo que te rodeia?
Sentes tu frio quando todos tem calor?
Eres por um acaso, vazio?

Pois, também não sou.
Numa montanha de gente morta,
Lá estou eu com minha missão de guia-los
Pelos caminhos obscuros de Danthi
O moço do lado era um Picasso,
A mulher, uma Tieta.

E não somos então humanos?

Por favor, não escrevas números na minha lápide.

Flávia Braga

ETAPAS 2 - UM ENSAIO SOBRE O AMOR

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A FESTA

DESCOBRI EU, NELA
E MEU CORAÇÃO NÃO SE ABRIA
AS PORTAS DO MEU QUARTO, EU NÃO TINHA
AS CHAVES
ESTAVAM COM ELA.

E, NOS DIVERTINDO, PINTAVA UMA ARTE EM SEU ROSTO
COM O PINCEL DESLIZAVA AS CORES MÁGICAS
NO CORPO QUE EM MIM, TRANSFORMAVA
E ERA FESTA DENOVO!

NÃO ERA UMA ILHA EM SI MESMA AGORA
ERA UM ARQUIPÉLAGO IMENSO
SEUS OLHOS MOSTRAVAM O MAR INTEIRO
E EU JÁ SABIA QUE EU, ERA ELA.

NÃO HAVIA MAIS O AMOR GRAMATICAL
ERA O AMOR PIONEIRO
COM TRAPAÇAS DO DESTINO, E DIFICIL,
ERA INTENSO.

Impulso Elétrico

sábado, 1 de novembro de 2008


Era assim: simples. Nada de gravata ou smoking preto combinando com sapatos brilhantes. Era modesto, com um cabelo sem pentear, grudado. Com chinelos sem marca. Com anéis de côco. Sorriso nos lábios, nas bochechas, no olhar. Os ombros riam também. Sem emitir nenhum som sequer. Tinha nos ouvidos a percepção de antenas de formigas. Pensamentos de fogo. Intenso, brilhante, alarmante, chamava a atenção para si.
E por isso era tão encantador.
Não tinha em si a hipocrisia simplória dos sábios. Não tinha pinta de ricaço. Não tinha nada de verdade, era nada, só aquilo ali, aquele momento o pertencia. Sem código de barras.
Entrei, com o peso de uma noitada irresponsável. Os olhos marejados pelo sono que ainda persistia em se agarrar a mim. Meu corpo respondia a qualquer estímulo à latência. Mover era custoso, pensar era custoso. O ônibus não tava lotado como todos os dias, o sol ainda não tinha acordado. As pessoas fechavam-se em seus zumbis, filosofando sobre a vida que em seus livros de ficção nunca irá existir. Ele tava lá, não como um zumbi – e isso de primeira me intrigou – mas cheio de música e melodia que entrava sem pedir licença em cada poro da minha pele. Aquela canção suave, de violino, espalhava-se como o ar pelos cantos. Era um convite ao nosso submundo, ao nosso dever de quebrar padrões.
O músico era negro. Tinha barba, roupa rasgada. Cabelos em rastafári, pés calejados. Violino impecável e uma caixa preta fechada, dizendo ali que, mesmo sem palavras, não tava pedindo esmola de ninguém. Ele queria tocar. Não para o seu ego, nem para o seu egoísmo, tocava para mostrar que era possível arte sem os padrões. Em qualquer outra hora daquele mesmo dia, em qualquer outro local daquela mesma cidade, ele era um ladrão puto safado em potencial. Mas não ali. Ali ele mostrava que somos ridículos.
Deixei que me dominasse com uma sutileza e rapidez que não me dei conta. No meio do caminho, atordoada entre a vergonha e a vontade súbita de prestigia-lo, o máximo que fiz foi ser hipnotizada pela música dele. Não precisava falar uma única palavra, seus gestos, sua vontade, seu amor que transbordava em todos nós, era como um discurso de libertação dizendo: vejam! Vejam! Vejam! Ele PODE sonhar!
Nós, meros humanos mortais, jamais entenderemos os artistas. Não tem como. Ver os pigmentos sendo refletidos sobre uma rosa, ao invés de vermelho. Amar sem piedade da carne ao invés de pudor.
Meu Deus. Meu Deus!
Ainda há com o que se espantar! Não é um chip, não é um robô, não é uma arma.
AFASTEM!
É um ser pensante...


Flávia Braga