Carta a um ditador

sábado, 25 de outubro de 2008



Que conveção estranha
Amarrar-se ao protótipo da tua estátua
Como um amante desesperado,
não te preocupes,
ninguém descobrirá o teu eu.

Calma!
Não te suicides antes do tempo
Ninguém descobrirá teus infortúnios
Ninguém permitirá teu esquartejamento
Enquanto lucrem por tua causa...

Não há medo, nem verdade.
Não corras, teu dinheiro não tem pernas
Não te movas, teu chão é açucarado.
Não respres apressadamente,
Não há como roubar o teu ar.

A bomba atômica não faz a volta,
Não precisa entocar-se.

A tua crise tirou-lhe até a tua alma
para que não restasse nada
Sobrou-lçhe apenas as almas alheias,
que já não te querem,
Se misturam aos desesperos seus
Brincam as angústias suas
Já não permanecem
Mas ligaram-se ao Adeus, Adeus.

A tua liberdade falseta
é a mais quente das correntes
é republicano,
ou democrata,
somente.

O teu ouro é barganha
depende do teu urro
e como mente.
Soltemos as ações num campo só deles
a ver o espetáculo das carnes,
pedaços de reis,
com sangue preto.

Pensavas, vil homem, que teu quebra-cabeças era completo
Ao fim sublimaram-se as peças
e só te restou a vontade.

A tua igualdade de papel,
molhou,
despedaçou.
Por fim se viu que no Império de cacos,
só havia balaços
contra avisos de mãe
que filho nenhum escuta.

Agora engole suco grosso e amargo,
preço que se paga pela teimosia.
A tua coroa foi num descargo,
com a bosta.

Se antes era mandão desgraçado
é hoje desgraçado mendicante,
os teus marionetes de Pinocchio,
hão de te entalhar,
espero.


FLÁVIA BRAGA

Etapas - Um ensaio do eu e do amor.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008


"A paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõe."
William Shakespeare.




1 - A Magia.

Conheci uma garota
que sentava longe de mim
ela era uma ilha de si mesma
e eu não conhecia a mim.

Para olhar nos olhos dela
tinha que olhar para mim mesma
e ser eu, nela.

Para falar com ela
Tinha de imitar o som dos pássaros
e escutar o que não ouvia.

Nesta garota, há todas as nações do mundo
tem a fome que em mim não doi
E a lágrima que em mim não vem.


Flávia Braga

AO SOCIALISMO

domingo, 12 de outubro de 2008



Ao Socialismo.

O império da minha hipocrisia desabou
diante da ridícula simplicidade que
encontraste de exor-me ao tédio ue
era minhas tristes convenências.

Despi-me da exclamação de desafeto mentiroso
e pus a roupa da tua palavra,
es meu profeta incansável,
de uma verdade que eu via por óculos escuros.

No fi do horizonte há um brilho que antes me cegava
E agor vejo até os passaros que ali tentam chegar inultilmente,
a gravidade falhou,
mas não as minhas dádivas,
meu escrito é por tua mão
e minha mente esforça-se como os pássaros

Que sabem que nunca chegaram lá,
porque o horizonte se constroi,
e não se busca.

Tenho em mim as asas,
de que perdeu os óculos escuros,
e queima os olhos diante do futuro.

FLÁVIA BRAGA.