Carta a um ditador

sábado, 25 de outubro de 2008



Que conveção estranha
Amarrar-se ao protótipo da tua estátua
Como um amante desesperado,
não te preocupes,
ninguém descobrirá o teu eu.

Calma!
Não te suicides antes do tempo
Ninguém descobrirá teus infortúnios
Ninguém permitirá teu esquartejamento
Enquanto lucrem por tua causa...

Não há medo, nem verdade.
Não corras, teu dinheiro não tem pernas
Não te movas, teu chão é açucarado.
Não respres apressadamente,
Não há como roubar o teu ar.

A bomba atômica não faz a volta,
Não precisa entocar-se.

A tua crise tirou-lhe até a tua alma
para que não restasse nada
Sobrou-lçhe apenas as almas alheias,
que já não te querem,
Se misturam aos desesperos seus
Brincam as angústias suas
Já não permanecem
Mas ligaram-se ao Adeus, Adeus.

A tua liberdade falseta
é a mais quente das correntes
é republicano,
ou democrata,
somente.

O teu ouro é barganha
depende do teu urro
e como mente.
Soltemos as ações num campo só deles
a ver o espetáculo das carnes,
pedaços de reis,
com sangue preto.

Pensavas, vil homem, que teu quebra-cabeças era completo
Ao fim sublimaram-se as peças
e só te restou a vontade.

A tua igualdade de papel,
molhou,
despedaçou.
Por fim se viu que no Império de cacos,
só havia balaços
contra avisos de mãe
que filho nenhum escuta.

Agora engole suco grosso e amargo,
preço que se paga pela teimosia.
A tua coroa foi num descargo,
com a bosta.

Se antes era mandão desgraçado
é hoje desgraçado mendicante,
os teus marionetes de Pinocchio,
hão de te entalhar,
espero.


FLÁVIA BRAGA

1 comentários:

Anônimo disse...

"Se eu pudesse te entender, dominar teus sentimentos, controlar seu passos, ler sua agenda e pensamentos". Talvez eu te ajudasse mais. Tudo que posso ser é um bom e fiel ouvido! beijos querida!