Ode às diferenças

sábado, 8 de novembro de 2008

Ode às diferenças

Chega de pensamentos medievais!
Chega de leis inquisitoras!

Eu quero o diferente,
Eu quero a loucura dos loucos!
(são realmente loucos?)

Eu quero o pudor enfraquecido!
Eu quero o amor pelos iguais!

Diferente?
Sou sim.

Tenho quilos a mais que Maria,
Tenho cabelos negros,
Sou descrente em santos.
Ah...
Se pudessem ser só essas as diferenças,
Senão houvesse política,
Se nos lembrasse-nos dos amigos,
Dos tempos bons!

O que há de diferente então no cambojano?
Não choram eles, lágrimas?
Não bate neles um coração?
Não há neles sangue vermelho?

Me digam então o que há de errado com as damas da noite?
(matam-se mulheres por convicções erradas)
“Pensamos que era uma puta”
Ora pois, e não é gente?
Não sente essas mulheres também prazer?
Não têm essas mulheres seus sonhos?

E tu leitor?
Eres diferente do mundo que te rodeia?
Sentes tu frio quando todos tem calor?
Eres por um acaso, vazio?

Pois, também não sou.
Numa montanha de gente morta,
Lá estou eu com minha missão de guia-los
Pelos caminhos obscuros de Danthi
O moço do lado era um Picasso,
A mulher, uma Tieta.

E não somos então humanos?

Por favor, não escrevas números na minha lápide.

Flávia Braga

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